quarta-feira, novembro 30, 2011

Voce vai ser professor?



Continuamos a dar aulas nos cursos de licenciatura como se estivéssemos em Cambridge. Tudo corre de modo irreparável. Ao menos nós, os bons professores das universidades públicas, continuamos a colocar os alunos lendo os clássicos, falando sobre infância e teorias pedagógicas e tudo o mais. Fingimos descaradamente que os estados e os municípios (os únicos responsáveis pelo o ensino básico) estão fazendo a sua parte e que os nossos alunos irão ocupar os postos de professores no ensino fundamental e médio. Mas não vão.

A média de exoneração a pedido do próprio professor é de mais de dois por dia letivo, entre os que passaram em concurso recente no Estado de S. Paulo. Em 25 dias letivos, foram 60 professores que deixaram o cargo. A maior parte deles está entre os mais bem formados, os que vieram de universidades públicas (Folha, 21/03). O governo Alckmin diz que isso é “normal”, que tais pedidos são por “motivos pessoais”. Sim! De fato, são pessoais. A maioria diz que sua experiência pessoal, em 25 dias, mostra que não compensa, por mil reais, enfrentar alunos que não prestam atenção em nada, apenas falam no celular durante a aula, furam pneus de carros e ameaçam professores. Isso sem contar as condições físicas das escolas. Essa é realidade paulista, mas São Paulo não precisa se orgulhar sozinho por ter tornado seu ensino um lixo. A maior parte dos estados da Federação apresenta os mesmos problemas. Os melhores professores, os concursados que passam nos primeiros lugares dos últimos exames, logo percebem que qualquer outro emprego pode ser melhor que ser um professor da escola pública. Nunca um setor do serviço público foi tão menosprezado no Brasil.


Leia toda a matéria em: http://ghiraldelli.pro.br/2011/03/21/voce-vai-ser-professor-conta-outra-vai/


Conceição

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