Crédito da imagem: http://www.ead.pt/blog/?p=16
A mais importante festa popular do calendário brasileiro na verdade tem DNA importado, de Portugal. O Carnaval foi trazido às terras tupiniquins pelos portugueses e tinha o nome de Entrudo, uma celebração popular colonial, na qual eram comunus as brincadeiras com água, limões de cheiro, farinha, lama e até lixo - elementos mais tarde substituídos por confete e serpentina.
Porém, ao desembarcar no nosso país, a festa adquiriu características próprias, como lembra o escritor Ricardo Azevedo, um ávido pesquisador da cultura do povo. "Ao Carnaval foram incorporados certos costumes de culturas africanas e tudo isso acabou resultando nos ranchos (embriões dos blocos carnavalescos) que desfilavam nas cidades do fim do século 19, principalmente nas ruas do Rio de Janeiro."
Essa mistura recebeu também o reforço das festas e procissões do Dia de Reis (dedicadas aos três Reis Magos e sua visita ao Deus Menino), o que deu origem a um carnaval de muitas formas e exclusivamente brasileiro. Na verdade, é mais justo falarmos em carnavais. "O carnaval carioca é diferente do pernambucano que é diferente do maranhense ou do baiano; o que caracteriza as manifestações da culura popular é sempre sua extraordinária diversidade", reforça Azevedo.
Tantas fusões culturais fizeram com que hoje tenhamos registros diversos de folia, como escolas de samba, blocos de rua, bailes de máscaras, marchinhas, cordões, trio-elétrico e frevo. Algumas dessas manifestações são características de alguns locais, como a tradição carioca no desfile de escolas de samba, as frenéticas sombrinhas do frevo de Olinda e o contagiante axé do Carnaval de Salvador e de outras cidades baianas.
No Nordeste, a celebração ficou marcada pela riqueza das manifestações populares, influenciadas pela zona rural, comenta Olga Rodrigues de Moraes Von Simon, doutora em Antropologia Social. "Foi uma identidade formada pelas plantações da cana", explica. Dentre as expressões mais ricas da folia nordestina está o Carnaval baiano, que influenciou outra famosa festa - o Carnaval do Rio de Janeiro. Segundo Olga, os baianos que migraram para o Rio de Janeiro levaram para lá a cultura dos ranchos. "Isso inspirou o povo da Baixada Fluminense a criar as escolas de samba", conta. Assim nasceu o carnaval-espetáculo, que avançou para o Centro-Sul do país por meio do Vale do Paraíba, acompanhando o enriquecimento das cidades.
Fonte: Revista Giro em Casa - Pirelli - Jan/Fev 2012
Conceição
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